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SEM MEDO DE SER VELHO Os amigos se encontram e conversam sobre suas dores, riem do catálogo de remédios que se renova a cada visita ao médico e gabam-se por estarem bem apesar da idade que cada um tem. Arnaldo, um jovem que os acompanhava ouvia a conversa, observava atentamente o jeito deles e faz uma indagação: - Hoje em dia, todos querem viver mais e mais, esticar ao máximo a longevidade e eu quero saber: qual a vantagem de se ficar mais velho? Artur, já com seus 77 anos, tranquilamente responde ao jovem: - Nós temos uma vida que sabemos é finita, mas isso não significa que a meta deva ser a morte e sim aproveitar a vida ao máximo e ser feliz. Luiz Antônio, um pouco mais novo com seus 73, explica: - Se não tivéssemos banalizado a vida com desejos fúteis, vulgarização das emoções, se tivéssemos andado mais devagar nessa corrida e com menos fast food, micro-ondas, tudo pronto e fácil, tantos remédios para pequenas dores, escolhas erradas na profissão, seríamos menos anêmicos, menos frustrados. E agora ainda corremos contra o tempo para envelhecer com dignidade e bem. Arnaldo ainda intrigado questiona os amigos. - Como se sentem ao ver que os cabelos embranquecem, o olhar perde o brilho, a carne torna-se flácida e enrugada, o andar é devagar e perdendo a atração? - Caro Arnaldo, responde-lhe Artur, tornamo-nos a caricatura de nossa juventude, mas, sem perder os traços belos com que nascemos e não é o corpo que nos sobressai e sim o que carregamos dentro de nós através das nossas experiências e o aprimoramento da nossa compreensão. - Sim, concorda Luiz Antônio, complementando: com a vantagem desse brilho interior que compensa o desgaste de fora. Apesar, de que muitos preferem mutilar-se com cirurgias, exagerar na maquiagem, usar roupas extravagantes o que denota que essas pessoas velhas, pensam que se escondem atrás desses recursos para não aparentarem idade. Arnaldo insiste no questionamento dizendo. - O ser humano é vaidoso, a tecnologia está aí para favorecer o embelezamento e retardar a velhice. - Meu jovem, retruca Luiz Antônio, o embelezamento é bom, desde que seja o mais natural possível, pois nosso corpo inevitavelmente mostrará que a mágica da tecnologia e dos cosméticos e adornos também têm limites, a extravagância e o exagero denigre qualquer imagem, estamos em declínio, mas em natural transformação, como tudo o mais. - Verdade, concorda o amigo Artur. Se não nos tornarmos tolos, gostaremos de nossa aparência em todas as etapas da vida e olharemos pra nós mesmos e diremos “Esse sou eu. Aceito”, conservados de acordo com a vida que tivemos, com a genética e cuidados com a saúde, somos o espelho de nossa própria história. - E mais ainda Arnaldo, completa Luiz Antônio: não somos só nossa aparência, mas temos ela grudada a nós e negá-la é patético. As pessoas ao invés de querer aparentar sempre juventude, deveriam também se preocupar em serem cada vez mais dignas, dóceis, elegantes, de mentes brilhantes para mostrar que valeu a pena sua vida, que dentro da “carcaça” nos aprimoramos e não há outra saída a não ser vivenciar cada estágio, viajar com o tempo em cada fase e sem negligenciar seu todo, continuar e saber que se não estamos extraordinariamente conservados, também não estamos destruídos. Arnaldo, muito pensativo, abraçou os amigos e agradeceu pela conversa. Despediram-se e os dois amigos, sem pressa, foram se afastando, felizes por existirem e pela sabedoria de que o tempo está os devorando, mas que dele, ninguém escapará. - Bem, retrucou Luiz Antônio, abraçado ao amigo Artur: se não soubemos ser felizes aos 20, 40, 60, sejamos felizes aos 70, 80. Genha Auga – Jornalista MTB:15.320 |
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